sábado, 20 de julho de 2013

Rua da Amizade

Tento fugir do óbvio. Sou um homem avesso aos clichês.
Mas confesso que fui vencido neste dia 20 de julho pela onda de homenagens e post's acerca da comemoração do Dia do Amigo (Sim, eu tinha programado a publicação de um texto 'caliente' neste espaço hoje! -  o qual ficará para uma próxima ocasião).
Selecionei, então, versos de 6 composições que se encontram na esquina da Rua da Amizade.


"Se não fossem as amigas que eu posso contar
Não sei o que seria de mim

Pois quem tem amigas não chora sozinho

Sem elas seria meu fim"

Os versos de " Amigas" de Nando Reis e Wando conseguem sintetizar bem a importância dos olhares que testemunharam minhas quedas mais doloridas. Pessoas que me deram colo e que participaram efetivamente do processo de cicatrização das feridas internas. Mentes que souberam conviver com minhas lágrimas, mas que tiveram pressa de ver sorrisos estampados em meu rosto.


"Você que me diz as verdades com frases abertas, 
amigo você é o mais certo das horas incertas"
Tá. Faço parte da cota de gente sensível (e estranha demais!) que se emociona toda vez que escuta  "Amigo", composição do Rei Roberto e do Tremendão Erasmo Carlos. Enquanto preparava estes escritos parei para assistir o clássico dueto. Choramos copiosamente: Eu, Roberto e Erasmo. É muita comédia, Brasil!


"Tô contigo, amigo e não abro
Vamos ver o diabo de perto"
Eu aceito o convite feito por Gonzaguinha na sua canção "Recado".  Sempre fui (e ainda sou) adepto do partido da conciliação. Preciso aprimorar minha vocação de conselheiro de relações - uma coisa meio "Hitch", personagem clássico de Will Smith. Gosto de colocar meus amigos diante do espelho. Penso que é chegada a hora de fazer a faxina de várias situações mal resolvidas para poder conduzir a caminhada livre dos pesos colocados em nossos ombros. É preciso encarar o diabo de perto para poder tomar posse de si. Neste momento de medo e introspecção, olhares amigos surgem e apertam nossas mãos. O calor do tato confirma "Estou aqui, caso precise!".



"Você pra mim é mais que uma irmã
Aliança de fé

Amizade que é fruto do sonho de Deus"
Os versos celebram a amizade das cantoras Carol Celico e Claudia Leitte, intérpretes da canção "Mesma Luz". Lembro a primeira vez que fui embalado por essa melodia: instantaneamente revisitei as gavetas da minha memória em que guardo os registros dos dias em que encontrei pessoas especiais. Sou um homem apaixonado por olhares. Neste exato momento recordo com precisão encontros sublimes com pessoas que eu não sabia que ganhariam espaço tão grande em minha vida .Pessoas pelas quais nutro sede de conversas demoradas.



"Pois, seja o que vier,
venha o que vier

Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar

Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar"
Não podia deixar de falar sobre a clássica "Canção da América" de Milton Nascimento. A música que virou hino de conclusões de cursos e fechamento de etapas importantes da vida dos brasileiros tem um tom todo especial para meus ouvidos. Sou um andarilho, estou sempre em movimento - e este estado me proporciona amizades muito intensas. Como vivo muito o presente, acabo não acompanhando o cotidiano de muitas pessoas amadas que agora estão distantes. Peco pela omissão, mas prometo recompensa com a emissão de energia boa através das ondas de pensamento. 


Amo muito minhas paixões. Renovo meu querer bem por cada amizade parafraseando os versos de "Banda Eva":
"Quero encontrá-los sonhando sempre em cada esquina!"









sábado, 13 de julho de 2013

Caçador de Mim

 1) O intéprete

       Toda vez que escuto o timbre da voz de Milton Nascimento chego a ficar paralisado. Ouvi-lo é garantia de conforto, é símbolo de pausa necessária para respirar tranquilamente em tempos de relações tão líquidas. Cultivá-lo na “playlist” cotidiana é arte sagrada.  Não é à toa que Elis Regina dizia que “Se Deus cantasse, seria com a voz de Milton”.  
     Nascido no Rio, o cantor foi adotado por uma família mineira após a morte de sua mãe biológica. O estado de Minas Gerais foi o terreno fértil da obra do cantor que na adolescência “queimou a inscrição para o vestibular de economia e decidiu que a música seria o seu futuro, essa era a única garantia. De lá para cá, conseguiu não apenas viver da música, como viver a música na sua plenitude.”
         Ano passado realizei um sonhei de consumo: fui para o show da sua turnê “50 anos de voz nas estradas” em Porto Alegre. Presenciei uma performance contida pelos poucos movimentos no palco devido o seu estado de saúde. Mas essa situação não retirou o brilho daquela noite marcada por arrepios (e algumas lágrimas). Anestesia pura!

2)História da composição 

        Caçador de mim tornou-se conhecida do público em 1981, resultado da parceria entre Sergio Magrão e Luiz Carlos Sá. O primeiro apresentou a melodia e o segundo escreveu a letra que teve como inspiração o livro “O apanhador no campo de centeios” que conta a história de um jovem que é expulso da escola por seu mau desempenho e no regresso para casa passa a refletir sobre sua curta vida, decidindo procurar pessoas importantes para entender a confusão que passa pela sua cabeça antes de uma conversa com seus pais. O que marcou o compositor?:  “O cara se procurando e tentando achar a personalidade dele”, disse Luiz Carlos. Um parêntese curioso: O mesmo livro que baseou a concepção desta música tão viva foi alvo de “inspiração” para Mark Chapman assassinar John Lennon, em 1980. Teria sido o personagem do livro – segundo ele – que inspirou-lhe a cometer o crime.
      Sergio Magrão conta os bastidores de Caçador de mim: Milton Nascimento conheceu a música na condição de produtor de um LP da Banda 14 Bis. A paixão foi tão arrebatadora que decidiu não apenas gravar a música, mas colocá-la como título do seu álbum. Ele ainda lembra a primeira vez que escutou a música na voz do ícone: “Eu estava na arquibancada do palco. De repente começou um solo e eu falei: 'Conheço essa harmonia'. Ele virou para mim e começou a cantar, eu desabei. Comecei a chorar. Eu estava com um amigo meu que falou ‘Cara, é a tua música!’. E ficou lindíssima!”
                                                             O livro que inspirou a canção

3) A letra

Caçador de Mim
Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá
 
Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

4) Minha história com a música

      “Vou me encontrar longe do meu lugar” Há 7 anos deixei o aconchego do meu lar disposto a encarar o desafio de buscar meu próprio caminho. Ao longo dos últimos anos segui os sinais expressos na estrada. Hoje, cerca de 4 mil km me separam de casa. Nunca deixei os medos dominarem minha mente. Conduzi bem todas as angústias primárias: a distância da família, o fato de não conhecer ninguém no mundo novo. Fácil? Não foi. Mas a impressão que tenho é de ter ancorado no porto certo. Estou encontrando Thiago em Porto Alegre!
        “Vou descobrir o que me faz sentir”. Neste espaço firmei meus pés com uma vontade: descoberta da felicidade. E para isso é preciso provar. Testar a vida! No cotidiano mais simples ando encontrando respostas. Apresento um exemplo: nunca fui motivado para aprender a cozinhar. Somente com 25 anos despertei para assumir o comando do fogão. Hoje preparo meu almoço – ando experimentando os temperos que me libertam da monotonia. Surpreendo-me ao ver rúcula e alface nos meus pratos – elementos verdes antes impensáveis de serem colocados na dinâmica da minha alimentação. O motivo? Ignorância, nunca tinha provado. Preferia manter o meu preconceito!
        Esta fase de descobertas, permissões e quebras de conceitos provoca reflexões profundas – e uma dose de boas risadas! Há 2 meses minha terapeuta questionou: “Você já pensou em fazer teatro?” Eu ri, respondi que não tenho dom para exercer esta arte. Ela retrucou: “Você já testou, já teve alguma experiência? Por que você não se permite?” Aquela conversa mexeu comigo. Semanas depois entrei em uma pizzaria e me deparei com um anúncio de uma oficina de teatro de rua. Meus olhos brilharam! Resolvi enviar o meu currículo e dar a cara à tapa. Fui aceito! Meu contato inicial com o universo lúdico do teatro foi uma experiência libertadora, captei um desprendimento raro nos movimentos e olhares empreendidos. Minha mente inquieta ganhou fôlego ao mergulhar neste colorido mar de possibilidades!
       Nesta época de lapidação, nada de relacionamento. Por ora, apertei o botão “Pause”. Acredito que só poderei firmar compromisso quando acontecer um processo profundo de tomada de consciência dos meus gostos, traumas, limitações e virtudes. Vejo que é preciso preparar bem o terreno antes do plantio da semente para minimizar os riscos de uma relação infrutífera. Optar por investir em alguma relação impulsiva significa - hoje - infringir o meu estatuto. Questão de honestidade e franqueza.
         É preciso investir muito nestas missões que estou abraçando: cozinha, palco e coração. Mas, diante desta tela renovo mais uma vez um pacto comigo mesmo: vou prosseguir aberto para experimentar as novas ações que estão movimentando o meu ser. Continuo aqui. Eu, caçador de mim!

5) Confira a música




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Nossa carta de intenções

Saudações a todos!

Acabei de "dar à luz" este blog que é fruto de uma paquera com o universo da música (Sim, foram meses de gestação!). Já faz um bom tempo que venho amadurecendo algumas ideias para poder compartilhar boas doses de sensações que merecem um espaço próprio fora do contexto das rápidas redes sociais. Chegou a hora de expor os escritos guardados, as histórias do meu infinito particular - capítulos da minha vida serão revelados através de músicas que deram sentido ao cotidiano. Aqui o leitor irá encontrar a razão de tal música ter marcado um certo momento, as histórias de determinadas composições e cd's que tornaram-se referências para esta mente de Fantástico mundo de Bobby


Ah, antes que me perguntem sobre o nome do blog, eu explico: Sou fascinado por esquinas. Elas são pontos propícios a encontros e surpresas. Não saber o que ou quem vamos encontrar ao dobrarmos a esquina faz parte do mistério que nos excita. Nos momentos mais inesperados surgiram versos apropriados como sinalizadores do caminho a ser seguido. Músicas que exerceram a função da mensagem de semáforos: me pediram para parar, prestar atenção ou seguir adiante. Convido você para me acompanhar nesta caminhada - A percussão do coração já anseia pelo rumo dessa prosa!